Ela é gorda, inclinada para o feio, com uma saia desjustada ao tempo e às tendências. Bamboleia-se no átrio enquanto espera o começo do filme. O namorado, o amante, o raio que o parta, embevecido, segue-a, pendular, para aqui, para acolá. Mas pelo menos ele devia ter vergonha, embaraço, e retirar-se, afastar-se dela quando em público. Porém, o amor amarra-o à ingnominosa figura. E como isso vinga-se, vinca-se nele a sua própria pequenez. Pois ter vergonha é um predicado necessário aos pequenos para, senão serem superiores, fingirem-se plausivelmente maiores, gente que se veja. Gente, enfim. Ela não o é. Ele não o consegue ser. É o amor. O Marquês.