Naquele tempo, era moda os amantes gravarem tatuagens, estampando no corpo um ícone que representasse, para durar, o alvo da respectiva paixão. Nisto, um dia, a Miquelina foi na onda. Ordenou que, no peito, no exacto lugar onde sentia o tiquetaquear do coração, lhe tatuassem um alvo, por o Gervásio, rapaz por quem jurara eviterno amor, ser artista de circo, manipulador de espadas, facas e etcetera, outros objectos de afiado gume.
Estretanto, Gervásio, esperava-a na roulote. Ansiava, cativo de ciúmes, mesmo que fossem infundados. Por onde andaria a sua amada? Com quem andaria ela? Com algum homem? A dúvida atormentava-o. Para sossegar, decidiu ir treinar o número dos punhais. Foi quando Miquelina chegou. E, logo ali, para anunciar a surpresa que trazia gravada no corpo, ela lhe expôs o peito nu. "Este alvo é para ti, é teu", disse ela. Depois, ouviu-se um silvo breve. Um punhal cravou-se-lhe no peito, exactamente na mouche. A pontaria do Gervásio estava afinada. O treino, afinal, não era necessário. O Marquês.