Ela, a menina, a pedido de sua mãe, foi visitar a sua avózinha, acometida de doença leve, segundo o diagnóstico da pessoa com competência mais próxima de clínico que por ali, aldeia, havia perto. Toc, toc, a menina, educada, bateu à porta da casa da sua avózinha. Avisada, porém, entrou sem esperar que lhe franqueassem a porta, pois a velha, em covalescença, estava retida no seu leito de viúva. A menina, entrada, pousou o pequeno cabaz com bolinhos e chá, que trazia de recado, sobre a mesa da sala. E foi no encalce da sua avózinha. Haveria de lhe doer, e doeu, o cerrar das mandíbulas do lobo na sua tenra carne de menina. Por isso, chorou e não pouco. A avózinha, essa, há muito que tinha sido deglutida e digerida pela cânida besta. Restavam apenas os ossos. Como é que o lobo lá entrou, para aquele domícilio, é pormenor que ninguém sabe, embora a estória há muito assim seja contada. O Marquês.