Está-se bem. Não bastava o heliocentrismo dito por Galilei, às narrativas seculares tinha de ser acrescentado o evolucionismo dito por Darwin. Por tudo isto, Prometeu fodeu-se. O seu fígado, constantemente regenerado por ordem da suma divindade, foi repasto quotidiano para uma ave de rapina. Até que um dia Hércules assestou um varapau no dito pássaro e a miudeza hepática do titã ficou em descanso eterno. Tão eterno quanto o vínculo que, por um arnês manhoso, ordenou Prometeu cativo da pedra. Mas isto foi há muito, muito tempo. Agora é tudo diferente. A película simbólica por via da qual é mediada a generalidade das experiências e vivências mundanas erigiu um mundo faz de conta. O que é tanto pode ser quanto pode não ser. Depende. Por exemplo. Uma austríaca foi raptada quando criança e logrou escapar recentemente, passado um ror de anos. Durante esses anos, o sequestro em que foi mantida privou-a de uma infinidade de bens - entre eles a liberdade. Mas agora, solta, ela preferiu realçar o facto de, não obstante, ter sido protegida de uma série de males menores, como o álcool ou o tabaco. Enfim, o mundo é conforme o disse Pangloss. Pode-se estar ou ser fodido. Mas pode sempre ser pior. Muito pior. Segismundo.